7 bilhões de vozes
POR ROBERTO MEIR
Vários países do mundo não estão conseguindo satisfazer às necessidades dos seus eleitores, como é o caso de França, Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Itália, Israel e Hong Kong. Ou seja, a polarização é global, não importa se a nação é autocrata, democrata ou emergente. E quer saber quem está por trás de todos esses descontentamentos? Eles, os Millennials! A geração da insatisfação. A mais mimada, bem-tratada e desempregada da história. Qual é o futuro dela? Tirando um ou outro jovem que lança uma startup com potencial de se tornar um unicórnio – o que podemos equiparar a ganhar na loteria – as perspectivas não são boas.
Ao olhar para as minorias, os governantes perderam a mão na hora de conduzir políticas públicas. Temos idosos que não querem parar de trabalhar, seja porque eles ainda têm anos e anos de vida útil pela frente, seja por uma questão de sustento. Ao mesmo tempo, mulheres ocupam agora metade das vagas de emprego, chineses competem com mão de obra barata e jornadas extensas de trabalho… ou seja, continuará faltando emprego. E qual é a política para aproveitar esses jovens talentos sedentos por transformar o mundo? Não há respostas para isso.
“A cada dia, um novo banco digital nasce. Um novo alimento é criado em laboratório. Um novo modelo de negócio é revelado”
O resultado são gerações novas sem poder de compra. O sonho da casa própria, por exemplo, não faz mais sentido para os Millennials. Uma pesquisa recente mostra que oito em cada dez jovens entre 25 e 39 anos preferem alugar um imóvel em vez de comprá-lo. Isso faz com que deem preferência por morar sob a asa dos pais ou de aluguel, perto do local de trabalho. Não à toa, acompanhamos uma mudança brusca no setor imobiliário com o avanço de unicórnios como o QuintoAndar e a reinvenção de construtoras como a Vitacon, que passou a construir imóveis mais compactos e voltados a investidores e locatários e não mais para clientes finais. Trata-se de um novo público, chamado por eles de “nômades da habitação”, ou seja, não há mais a necessidade de possuir. E não é por uma questão de escolha, mas sim por falta dela.
Se fizermos uma enquete, veremos que temos mais de 7 bilhões de vozes, cada qual com suas reflexões, seus propósitos, suas ideologias, seus desejos e suas visões. Sim, cada um quer seu mundo. E isso faz com que esse mundo seja cada vez mais polarizado. O que vale é o “sim” ou o “não”. O “certo” ou o “errado”. Estamos voltando à época do império romano; à época do matar ou morrer. Dentro dessa linha de transformação, não há um negócio sequer que possa ser recomendado como negócio de futuro. A cada dia, um novo banco digital nasce. Um novo alimento é criado em laboratório. Um novo modelo de negócio é revelado. Nenhum setor passará incólume por essa transformação. E como alcançar a estabilidade ou a previsibilidade em um mundo tão incerto? A resposta não está na grande mídia ou nas consultorias. A resposta está em ouvir, saber interpretar e entender cada uma dessas 7 bilhões de vozes.