Como um efeito dominó, a COVID-19 chegou ao Brasil desestabilizando diferentes modelos de negócio. Contudo, quem contava com experiências (seja como parceira, seja como subsidiária) de outras empresas de fora do País teve mais informações para se preparar. Foi o caso do Assaí que, no segmento de atacarejo, viu parceiros (de ramos não essenciais) fecharem as portas. “Para lidar com isso, realizamos uma série de ações para clientes que continuaram servindo por meio do delivery”, conta Belmiro Gomes, CEO.
Na prática, a empresa inclusive reduziu os custos de produtos para aqueles que os revenderiam no delivery, com a intenção de colaborar com o parceiro em questão. Em alguns segmentos, como os chamados utilizadores (escolas e igrejas, por exemplo) ainda há um baixo consumo. Por outro lado, o consumidor final passou a realizar mais “compras abastecedoras”, como define Gomes. Isso fez com que a frequência de compra diminuísse, mas as compras se tornaram maiores. Uma das causas para essa mudança foi a alimentação no lar: a quantidade de itens necessários para determinados períodos aumentou.
Do lado das finanças, o CEO do Assaí reconhece a importância de iniciativas como o auxílio emergencial e a liberação de quantia do FGTS. “O público que trabalha de maneira informal, que ia ao supermercado frequentemente, teve a oportunidade de realizar uma compra grande pela primeira vez e, com isso, entendeu o valor do canal de atacarejo”, diz
Como ele afirma, há hoje uma escassez de determinados produtos no mercado – especialmente de bens duráveis e materiais de construção. “Esses segmentos foram beneficiados pelo aumento temporário de renda”, justifica. “Quando esse consumo diminuir, o último a sentir o efeito será o segmento alimentar – porque geralmente é assim.” Ele acredita que, naturalmente, a empresa não sairá ilesa de uma eventual queda de renda do brasileiro, mas também não será muito prejudicada.
Ainda que não tenha uma visão clara a respeito do formato de renda desse cliente em 2021, o executivo acredita que muitos dos clientes seguirão optando pelo Assaí e por compras mais espaçadas. Ao mesmo tempo, prevê um aumento no consumo de serviços (e, portanto, da cadeia de valor do Assaí) após a chegada da tão sonhada imunização contra a COVID-19.
O fato é que, independentemente da origem do cliente e do motivo pelo qual ele escolheu comprar no Assaí, a dedicação da empresa à experiência é uma constante. “O cliente tem expectativas diferentes de cada modelo de negócio e empresa diferente e, no caso de quem compra no atacarejo, a busca é por um sortimento alinhado ao preço justo”, explica.
Nesse sentido, ele afirma que o papel desse modelo de negócio é ser um distribuidor complementar das indústrias que, por sua vez, não têm um grau de capilaridade capaz de alcançar o pequeno varejo. “Em um País de dimensão continental, como o Brasil, é difícil as indústrias conseguirem atender todos os comerciantes”, comenta. Ao mesmo tempo, o modelo tem a vantagem de poder operar com margens limitadas, pois obtém ganhos no volume de vendas.