AMANHÃ É TARDE
Tem um poema do Mario Quintana que eu adoro. Ele diz o seguinte:
“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é Natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!…”
E o pior de tudo é que, muitas vezes, precisamos perder alguém querido ou ser parado por alguma força maior para nos darmos conta disso. No ano passado, a marca de licor espanhola Ruavieja deu o que falar ao calcular quanto tempo as pessoas ainda têm ao lado de quem amam. O vídeo mostra, de modo comovente, como a onipresença das telas e a correria do dia a dia fazem com que tenhamos uma distribuição contraditória do nosso tempo. Dizemos que amamos os nossos entes queridos, mas será que o tempo que dedicamos a eles prova isso?
“Conversando com a minha filha de sete anos, me distraí ao celular e ouvi dela uma frase um tanto constrangedora: ‘mãe, esse momento é de nós duas e não de nós três’ ”
Segundo a peça publicitária, que usa dados do Instituto Nacional de Estatísticas espanhol, o uso do celular triplicou nos últimos seis anos. O mais impressionante é que, nos próximos 40 anos, passaremos, segundo os cálculos, 520 dias assistindo a séries, seis anos assistindo à TV, oito anos na internet. Já o tempo que temos ao lado de pessoas queridas é bem mais escasso. Em alguns casos dias, semanas, meses ou poucos anos.
Diante de uma sociedade que enxerga o mundo através de telas e que quanto mais se conecta às redes mais se desconecta das pessoas, vale a pena observar quanta coisa estamos perdendo. Quando as pessoas perguntam como você está e a resposta é sempre “na correria”, algo está errado. É preciso parar e observar quantos abraços deixamos de dar, quantas paisagens deixamos de admirar, quantas palavras deixamos de dizer… Porque o tempo passa rápido demais e, sim, amanhã pode
ser tarde.
Boa leitura!
Gabriella Sandoval
Editora-chefe