A AMAZONA DO
CONSUMO
A AMAZONA DO
CONSUMO
A AMAZONA DO
CONSUMO
CAIO BLINDER
Jornalista e um dos
apresentadores do programa
Manhattan Connection
da GloboNews
CAIO BLINDER
Jornalista e um dos
apresentadores do programa
Manhattan Connection
da GloboNews
“Hoje em dia, a Alma fica em casa com ela, a Amazon. Não precisa sair com o cartão de crédito. Ela se tornou uma aguerrida amazona”
Se depender da Alma, a minha mulher, a Amazon não vai faturar 50 centavos de cada dólar gasto on-line nos EUA. A percentagem seria muito mais alta, na verdade invertendo até o equilíbrio entre os comércios tradicional e eletrônico.
Hoje em dia, a Alma fica em casa com ela, a Amazon. Não precisa sair com o cartão de crédito. Ela se tornou uma aguerrida amazona. E o papel deste subalterno é pegar as encomendas no lobby do edifício.
E, graças ao consumo prime de madame Blinder, eu também fico em casa com ela, Amazon Prime, hoje na disputa ferrenha com Netflix para dominar o meu vício televisivo.
Bezos também me enfeitiça desde que comprou o Washington Post, dando uma vitaminada a este ícone da velha imprensa. O jornal rejuvenesceu e com seu pique investigativo em cima de Donald Trump recuperou as glórias da era Watergate, quando contribuiu para a queda de Nixon. O pequeno bilionário Trump odeia o grande bilionário Bezos.
Não quero obviamente passar a sensação de ser garoto-propaganda da empresa de Jeff Bezos ou do homem mais rico do mundo, mas aqui em casa nem é preciso fazer propaganda para convencer minha mulher a seguir o modelo Amazon. A gente conhece as lições da Amazon sobre o foco no consumidor, mais obsessivo do que no varejista.
E, ainda por cima, a amazona Blinder é professora de escola Montessori. O pessoal dela está em êxtase com o anúncio de Bezos e de sua mulher de que vão doar US$ 2 bilhões para escolas Montessori, priorizando o jardim da infância.
Quando criança, Bezos teve educação Montessori, assim como os companheiros bilionários do Google, Sergey Brin e Larry Page. Devemos, sem dúvida, atribuir alguma parcela do sucesso destes visionários da economia no século 21 à herança educacional Montessori, com sua combinação de liberdade e rigidez.
Em linhas básicas, é a prática educacional centrada na criança, com um feixe de regras e restrições, em que o aluno tem, ao mesmo tempo, liberdade para escolher as atividades num bloco ininterrupto de três horas. Brincar/jogar é trabalhar.
Existe a fama Montessori como uma escola para crianças ricas com necessidades especiais. No entanto, não é isso, embora faça parte do perfil. O essencial é o estímulo para a criança atuar em cima de suas escolhas e interesses, mas não solta, para desenvolver o espírito inovador, empreendedor e de autoconfiança. Bezos carregou isso na sua bagagem para a cultura Silicon Valley e no modelo de negócios Amazon centrado na satisfação do consumidor.
Falando em consumo, brinquei com a Alma que ela precisa trabalhar mais para pagar pelas compras (a mensalidade para o aluno Montessori é salgada, mas o salário de professor não é nenhum doce)
Uma opção para ela é trabalhar na própria Amazon. Em outubro, a empresa trilionária (em dólares) anunciou que vai elevar o salário mínimo a todos os seus funcionários nos EUA para US$ 15 a hora.
É uma iniciativa para neutralizar as críticas sobre pagamento e benefícios nada nobres aos trabalhadores dos seus armazéns, que não se sentem Amazon Prime, como a Alma.
“Hoje em dia, a Alma fica em casa com ela, a Amazon. Não precisa sair com o cartão de crédito. Ela se tornou uma aguerrida amazona”