APOTEOSE DA INOVAÇÃO
Com mais de 6.000 pessoas, centenas de palestrantes, inúmeras visitas criativas e uma profusão de ideias e insights, finalmente o Brasil tem o seu festival de inovação
POR DIMAS RIBEIRO, IVAN VENTURA, JADE CASTILHO, LEONARDO GUIMARÃES, MELISSA LULIO E RAPHAEL CORACCINI
KONDZILLA: O MAIOR NO YOUTUBE
Uma das estrelas do Whow!, Konrad Dantas, o KondZilla, contou sua história no palco principal do evento. Dono de um canal de vídeo com 50 milhões de inscritos (24% da população brasileira), ele falou das dificuldades até alcançar o sucesso, do primeiro funk, com 7 milhões de visualizações, do convite de Charlie Brown para a produção de vídeos de uma das turnês e do incômodo com letras misóginas e que se referiam às mulheres como objeto. Hoje, além de ter o maior canal de músicas no YouTube do mundo, KondZilla é produtor, empresário, palestrante e diretor criativo. Dos dez vídeos mais vistos da história, cinco foram produzidos pela “Kond”. Hoje, as produções de seus vídeos envolvem dezenas de funcionários. Mas é nesses momentos em que ele se lembra dos primeiros vídeos, em que era apenas ele e um celular. “Me dá 150 pessoas que eu filmo. Me dá um iPhone que eu filmo do mesmo jeito”. Alguma dúvida de que ele nasceu para isso?
A Arca, uma antiga fábrica metalúrgica na região Oeste de São Paulo, foi palco no fim do mês de julho do Whow!, festival de inovação que mal acabou, mas já deixa saudades. Durante três dias de evento, um público recorde de mais de 6.000 pessoas passou pelo pavilhão de 9.000 metros quadrados para acompanhar palestras inéditas, fazer uma imersão em experiências proporcionadas por marcas e passar por mentorias lideradas por profissionais experientes como a facilitadora e design thinker Juliana Feitosa, o fundador da ACE Startups, Pedro Waengertner, e a diretora da Perclers Paris, Iza Dezon. Em parceria com a 100 Open Startups, o evento também promoveu um speed dating focado em gerar negócios a partir da conexão entre startups, investidores, empreendedores e grandes empresas.
De quebra, os participantes puderam agendar visitas criativas a empresas como PepsiCo, ESPN, WMcCANN, iFood, Flutuar (um centro de flutuação), iFLY (a maior escola de voos da América Latina) e onono (Centro de Experiências Científicas da BASF). Na Scania, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, quem achou que encontraria uma monótona linha de produção industrial foi surpreendido com um test drive na pista da fábrica onde são produzidos 140 caminhões por dia. De volta à Arca, o público pôde conferir, de perto, um dos lançamentos de última geração da marca.
“Desde 2011, utilizamos um chip que coleta dados dos nossos veículos que rodam pelo País. Temos uma base de dados rica e que nos ajuda nas operações da companhia e também em outros assuntos, como o monitoramento da emissão de poluentes” disse Júlio Abreu, head de experiência da marca. A Scania também vem apostando em veículos sustentáveis. “Na Alemanha, tivemos a ousadia de apresentar apenas veículos que não são movidos a diesel”, comentou Patricia Acioli, gerente-executiva de Comunicação da Scania Latin America.
Assim como a montadora, o Whow! contou com a presença de outros players que vêm ajudando a unir sustentabilidade e mobilidade urbana. Federico Vega, CEO e fundador da CargoX, é um exemplo disso. Ao perceber o quanto os caminhoneiros rodavam sem transportar carga alguma, ele decidiu criar uma espécie de Uber de caminhoneiros. Com isso, a startup ajuda os motoristas a trabalharem de forma mais lucrativa e eficiente, além de diminuir o preço do frete e a emissão desnecessária de gases poluentes. “A gente vê que os caminhos estão acabando. Pensamos em um novo viaduto ou uma nova ponte, mas nossa infraestrutura não acompanha o crescimento dos carros”, avaliou Douglas Tokuno, head do Waze Carpool na América Latina. Lançada no ano passado, a plataforma conecta pessoas que geralmente dão caronas diárias, com o mesmo itinerário. “O uso individual do carro é um grande problema. Usamos a boa e velha carona para melhorar a mobilidade”, disse Tokuno. Ele também dividiu palco com Fernando Almeida Prado, fundador da ClickBus, empresa que vende passagens rodoviárias pela internet. “Ajudamos a diminuir o deslocamento dentro das cidades, já que chegar até a rodoviária é um problema muitas vezes”, explicou Prado. O mercado é enorme. Todo ano, são vendidas cerca de 160 milhões de passagens rodoviárias no Brasil, enquanto no setor aéreo são cerca de 90 milhões por ano.
A Arca, uma antiga fábrica metalúrgica na região Oeste de São Paulo, foi palco no fim do mês de julho do Whow!, festival de inovação que mal acabou, mas já deixa saudades. Durante três dias de evento, um público recorde de mais de 6.000 pessoas passou pelo pavilhão de 9.000 metros quadrados para acompanhar palestras inéditas, fazer uma imersão em experiências proporcionadas por marcas e passar por mentorias lideradas por profissionais experientes como a facilitadora e design thinker Juliana Feitosa, o fundador da ACE Startups, Pedro Waengertner, e a diretora da Perclers Paris, Iza Dezon. Em parceria com a 100 Open Startups, o evento também promoveu um speed dating focado em gerar negócios a partir da conexão entre startups, investidores, empreendedores e grandes empresas.
De quebra, os participantes puderam agendar visitas criativas a empresas como PepsiCo, ESPN, WMcCANN, iFood, Flutuar (um centro de flutuação), iFLY (a maior escola de voos da América Latina) e onono (Centro de Experiências Científicas da BASF). Na Scania, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, quem achou que encontraria uma monótona linha de produção industrial foi surpreendido com um test drive na pista da fábrica onde são produzidos 140 caminhões por dia. De volta à Arca, o público pôde conferir, de perto, um dos lançamentos de última geração da marca.
“Desde 2011, utilizamos um chip que coleta dados dos nossos veículos que rodam pelo País. Temos uma base de dados rica e que nos ajuda nas operações da companhia e também em outros assuntos, como o monitoramento da emissão de poluentes” disse Júlio Abreu, head de experiência da marca. A Scania também vem apostando em veículos sustentáveis. “Na Alemanha, tivemos a ousadia de apresentar apenas veículos que não são movidos a diesel”, comentou Patricia Acioli, gerente-executiva de Comunicação da Scania Latin America.
Assim como a montadora, o Whow! contou com a presença de outros players que vêm ajudando a unir sustentabilidade e mobilidade urbana. Federico Vega, CEO e fundador da CargoX, é um exemplo disso. Ao perceber o quanto os caminhoneiros rodavam sem transportar carga alguma, ele decidiu criar uma espécie de Uber de caminhoneiros. Com isso, a startup ajuda os motoristas a trabalharem de forma mais lucrativa e eficiente, além de diminuir o preço do frete e a emissão desnecessária de gases poluentes. “A gente vê que os caminhos estão acabando. Pensamos em um novo viaduto ou uma nova ponte, mas nossa infraestrutura não acompanha o crescimento dos carros”, avaliou Douglas Tokuno, head do Waze Carpool na América Latina. Lançada no ano passado, a plataforma conecta pessoas que geralmente dão caronas diárias, com o mesmo itinerário. “O uso individual do carro é um grande problema. Usamos a boa e velha carona para melhorar a mobilidade”, disse Tokuno. Ele também dividiu palco com Fernando Almeida Prado, fundador da ClickBus, empresa que vende passagens rodoviárias pela internet. “Ajudamos a diminuir o deslocamento dentro das cidades, já que chegar até a rodoviária é um problema muitas vezes”, explicou Prado. O mercado é enorme. Todo ano, são vendidas cerca de 160 milhões de passagens rodoviárias no Brasil, enquanto no setor aéreo são cerca de 90 milhões por ano.
TRANSFORMAÇÃO PELA EDUCAÇÃO
Assim como a mobilidade pode transformar as cidades, o Whow! mostrou como a educação pode transformar as pessoas. Bruno Rigon, líder de Projeto da Slash Education, defendeu o uso de dados e algoritmos para personalizar o conteúdo oferecido por escolas e universidades. “A educação ainda está baseada na televisão dos anos 90, que lhe submete a uma pequena opção de cursos para sair com a mesma formação de várias outras pessoas”, disse. Ele também fez um apelo ao RH das empresas. “Eles precisam mudar a forma como escolhem candidatos. Hoje, a seleção é baseada unicamente no currículo, e não necessariamente no que as pessoas sabem de fato”. Head de Business Development do Echos Laboratório de Inovação, Mario Rosa tem a mesma opinião. “Quando crianças, nós brincamos – e isso é muito saudável – mas, quando entramos no processo educacional, começamos a estudar matérias separadas umas das outras e, com isso, não estudamos o que está à nossa volta. Só ficamos diante de padrões”, afirmou.
O LÍDER DO FUTURO
A dificuldade das empresas de atrair e reter talentos da Geração Z também foi pauta. Cintia Gonçalves, sócia da AlmapBBDO, disse que a agência fez um estudo para compreender como os jovens entendem a liderança do futuro. “Eles apontaram como exemplo o chefe que personaliza esse passado a Miranda, do filme ‘O Diabo Veste Prada’. Uma personagem hierárquica, que não dá espaço para sentimentos nem para fala”, conta Cintia. Por outro lado, o líder do futuro se traduz no personagem principal da série “La Casa de Papel”, o Professor. “Ele é o líder do futuro porque tem empatia, sentimento, é vulnerável, sofre, erra. E tudo bem! Ele combina a diversidade no seu time, que não existiria se não fosse ele gerindo aquelas pessoas. Não é apenas um assalto; ele tem um propósito. O professor é a materialização da liderança do futuro e de seus skills”, disse.
Diretor de Pessoas da AeC, Warney de Araújo afirmou que, para liderar, é preciso renunciar. “Todos nós, como líderes, precisamos renunciar a algo”, disse. Mas fez uma ressalva: “Na AeC, não há ‘missão’ e ‘valores’, mas ‘princípios inegociáveis’”.
Gerente de Marketing e Comunicação da Glassdoor, antiga Love Mondays, Priscila Zuini destacou que a Geração Z tem como uma das suas características mais latentes defender a diversidade. “Ela quer estar num ambiente em que estejam representadas as diferenças”, afirma. “Uma pesquisa que realizamos nos Estados Unidos no começo deste ano apontou que os jovens também não toleram no mercado de trabalho ambientes onde não possam participar das conversas, hierarquia rígida e salário incompatível”. A executiva destacou, ainda, a remodelagem do que ela chama de “viés inconsciente” durante os processos seletivos e a tendência do recrutamento às cegas. “O gestor não recebe o currículo ou, se recebe, não sabe a faculdade do entrevistado nem onde mora, mas vai ter a oportunidade de conversar com ele pelo motivo certo: a história de vida”, explica.
ELE CONVERSA, PISCA, SORRI…
Uma das atrações do Whow!, o Tinbot – robô brasileiro interativo que reúne Inteligência Artificial e cognição – encantou os participantes do Whow! ao ser entrevistado, no palco, por Marco Diniz, Product Leader da Tinbot Robótica. Para explicar ao público o que é inteligência artificial, o executivo dirigiu a perguntou à própria. “Mas é claro que eu sei. Inteligência artificial é o tipo de inteligência que não é natural”, respondeu Tinbot. “Vocês querem dominar o mundo?”, completou Diniz. “Não. Só quero ajudar vocês humanos. Por enquanto”, disse o robozinho em tom bem-humorado. Hoje ele é usado em estabelecimentos como escolas e hotéis para monitorar indicadores e dar informações e boas-vindas ao público. “Nosso foco é permitir que qualquer um consiga programar o robô, seja o responsável alguém do Marketing, seja de Vendas ou do RH”, disse Diniz.
BRAIN ART
Chamado de “evangelizador da inovação”, Alberto Levy usou um eletroencefalograma no palco do Whow! para coletar impulsos do seu cérebro e exibi-los em um telão em forma de arte. Para ele, os sistemas tradicionais impedem que as pessoas sejam criativas. “Estatísticas mostram que as crianças nascem criativas, mas aos sete anos apenas 10% delas o são. Entre os adultos, esse índice é de 2%. Isso significa que a ‘não criatividade’ é aprendida quando ficamos em caixas preestabelecidas. Temos de ver as coisas com outros olhos. É isso que vai alimentar a nossa criatividade”, disse Levy. Uma das formas de se fazer isso, reforçou, é entender que pensar é mais importante do que saber. “Só assim deixamos de fazer as coisas no automático e conseguimos ser relevantes”.
SEGREDOS E CAMINHOS DA INOVAÇÃO
Não existe um passo a passo para ser uma organização inovadora, mas algumas empresas trilham caminhos que podem ser inspiradores. Para andar lado a lado à cultura do fim da posse, que deve se concretizar nos próximos anos, o QuintoAndar, por exemplo, vem revolucionando o setor de locação ao concentrar toda a experiência do cliente no mobile – do agendamento de visitas à assinatura do contrato. “Por meio de dados de milhares de imóveis já sei o que procuram em cada região”, disse Flávia Mussalem, gerente regional da empresa. Outro exemplo é a Loft, plataforma transacional de imóveis que compra, reforma e vende. “Analisamos 50 itens, da vista à fachada, e através deles saímos com o preço final de venda, comparando com os dados da região e o tamanho da necessidade da reforma”, explicou Pricylla Couto, diretora de Inteligência de Marketing da Loft.
O relacionamento da Netflix com o cliente foi bem lembrado por Simone Sancho, diretora de Marketing Digital da Sephora. “Eles dispensaram a padronização. Certa vez, uma atendente parou para explicar uma série para a telespectadora”, contou. Silvana Balbo, do Carrefour, aproveitou para lembrar de um episódio no qual uma cliente queria comprar produtos do filme “Monstros SA” para o sobrinho doente. Uma colaboradora fez o kit e mandou. “Quando você fala sobre paixão, isso é o que me deixa apaixonada: podemos fazer a diferença na vida das pessoas”.
Para Mauricio Castro da Silva, diretor de Marketing e Produto da Atento, isso tudo é válido, desde que a preocupação em evitar atritos venha primeiro. “Existem muitas empresas que falam muito em encantamento. Esta é uma palavra de ordem. Porém, há estudos que mostram que é melhor eliminar o atrito, tornar o relacionamento fácil para, depois, pensar em encantamento”, afirmou. Para Marco Lupi, CEO da Neobpo, é importante ainda entender que o cliente espera coisas diferentes das empresas. “Há demandas diferentes, mas os negócios estão entregando o mesmo. Daí a inquietação”, disse.
MODA SUSTENTÁVEL
O Whow! trouxe, ainda, outros exemplos inspiradores, como o da Marisa, que aproveitou o Outubro Rosa, mês de prevenção ao câncer de mama, para fazer uma parceria com a Protea, uma organização que tira a mulher da fila do SUS, evitando que ela tenha de esperar seis meses para começar o tratamento. “Percebemos também que a mulher buscava sutiãs para o pós-mastectomia, por isso, desenvolvemos um produto para quem passou por isso”, conto Celio Lopes, diretor de Produtos da marca.
Outra iniciativa, o Fashion Revolution zela pela sustentabilidade na cadeia produtiva promovendo, entre outras coisas, o engajamento a estudantes do setor. Nascida após um desabamento em Bangladesh que matou mais de mil pessoas num centro comercial têxtil, a empresa tem representantes em 51 cidades brasileiras. “Desses cem países onde atuamos, o Brasil é o mais forte”, destaca Fernanda Simon, diretora-executiva do instituto. “Nas faculdades de moda sempre existiu um modelo de como consumir, pensar, produzir e até mesmo descartar a moda. A inovação entra para rever todos esses processos”.
6.000 participantes
2.000 empresas cadastradas
270 palestrantes
72 painéis
400 horas de conteúdo
66 mentorias
100 visitas criativas
200 startups
2.000 reuniões de negócios
R$ 32 milhões em intenção de investimento
ESPN, PEPSICO, LEGO, iFLY…
“AS STARTUPS, MUITAS VEZES, TÊM DE ABRIR MÃO DO QUE VENDEM COMO PERFEIÇÃO PARA QUE SEUS PRODUTOS E SERVIÇOS CHEGUEM AO CLIENTE”
ROBERTO MATSUDA, DO FRUTA IMPERFEITA
NA ONDA DAS FOODTECHS
A sustentabilidade também ganha força entre aqueles que defendem uma alimentação mais saudável, acessível e personalizada. Diretor-geral do The Good Food Institute (GFI), que tem como missão fomentar a indústria de proteínas alternativas, Gustavo Guadagnini disse que pela primeira vez podemos manusear os alimentos e fazer a composição deles de acordo com o público que vai consumi-los. “Um dia chegaremos à farmácia de manipulação não para pedir pílulas, mas sim carne, almôndega, levando em consideração necessidades específicas como idade ou restrições de quem irá consumir”, disse.
Na NotCo, startup chilena que tem ninguém menos do que Jeff Bezos como investidor, isso já é realidade. A empresa usa a inteligência artificial para criar combinações a partir de plantas que imitam alimentos de origem animal, como leite e maionese, em aparência, nutrientes e sabor. “Criamos um algoritmo que usa inteligência artificial para reconstruir um alimento de origem animal e manter as moléculas de texturas e nutrientes”, comentou Luísa Marchiori, diretora de Marketing na América Latina da The Not Company. “O algoritmo faz o que a gente demoraria de um a três meses em questão de minutos”.
Fundador e CEO do Fruta Imperfeita, Roberto Matsuda trouxe à tona também o fato de as startups chegarem para desafiar o modo de como é feito o consumo. “Para isso, precisamos lidar com um paradoxo: como crescer com escala sem abrir mão da nossa essência?”, disse. Guadagnini concorda. “As startups, muitas vezes, têm de abrir mão do que vendem como perfeição para que seus produtos e serviços cheguem ao cliente. São dois extremos de uma linha para chegar ao meio-termo”. Mas tudo tem prós e contras. “A startup entra em um macroprocesso mais engessado e com muito mais impacto, mas em contrapartida ganha escala”, diz ele.
Gerente-executiva de Inovação da BRF, uma das maiores indústrias de alimentos do mundo, Beatriz Benedetti explicou que na empresa, dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy, a colaboração de startups tem um papel fundamental para a evolução e a melhora do sistema alimentar. “Em marcas bem estabelecidas, arriscar é perigoso e as startups nos permitem testar coisas diferentes e trazer novas discussões para dentro de casa”.
“SOMOS A PRIMEIRA GERAÇÃO A SENTIR TODOS OS PROBLEMAS CLIMÁTICOS E A ÚLTIMA QUE PODE FAZER ALGO PARA MUDAR E CONTRIBUIR COM UMA SOLUÇÃO”
MAYA COLOMBANI, DA L’ORÉAL BRASIL
Alex Rocco, diretor de Marketing da SKY
Beatriz Benedetti (à esquerda), gerente-executiva de Marketing e Inovação da BRF
Andréia Rebelo (à esquerda), diretora-executiva da Plusoft
POR RELAÇÕES MAIS SUSTENTÁVEIS
O desafio de produzir sem causar impactos ao meio ambiente e garantir um uso consciente dos recursos naturais foi reforçado por Maya Colombani, diretora de Sustentabilidade da L’Oréal Brasil. “Somos a primeira geração a sentir todos os problemas climáticos e a última que pode fazer algo para mudar e contribuir com uma solução”, afirmou a executiva. A aproximação com as comunidades, com a criação de escolas de beleza no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, é um dos exemplos de ações da marca no Brasil. Maya afirmou, ainda, que o consumidor exige essa postura sustentável das empresas. “Nosso consumidor de hoje e amanhã é o Millennial, e hoje ele exige sustentabilidade. O negócio que quer sobreviver tem que se reinventar e transformar sua cadeia de valor. Não vai ter mais marca que exista sem agregar valor à sociedade”, completa.
E não é só a sustentabilidade que está em pauta. Ser transparente também é fundamental. Que o diga o Neon Pagamentos que, após liquidação do Banco Neon, o qual detinha sua custódia, teve de provar aos clientes e ao mercado a sua solvência. “Arregaçamos as mangas, tivemos proximidade com o consumidor nas redes sociais e, acima de tudo, transparência”, disse Alexandre Alvares, CMO da Neon Pagamentos. A agilidade também contou. Apenas três dias após o episódio, o Neon anunciou um novo parceiro: o Banco Votorantim. A nova parceria foi vista como um salto para a empresa, mas o que chamou a atenção do mercado foi a rapidez do anúncio. “Foram noites viradas e muita garra para anunciar essa parceria”, conta Alvares. “Naquele fim de semana, vimos o que um time unido por um propósito é capaz de fazer”.
ZAAS: a nova plataforma da Flex Relacionamentos Inteligentes
Recorde de público: evento reuniu mais de 6.000 pessoas
LEAGUE OF LEGENDS
Com mais de 100 milhões de jogadores, o League of Legends é um dos jogos mais famosos do planeta. Durante o Whow!, a Riot Games, desenvolvedora do game que monetiza por meio de ferramentas que podem ser utilizadas dentro dele, falou sobre o desafio de entregar uma experiência personalizada “Quando um jogador entra em contato conosco, ele quer entender coisas que são muito específicas. Se o atendente não for um jogador, será uma experiência limitada”, disse Diego Martinez, diretor de Operações da Riot Games. Parceira nessa missão, a Liq partiu em busca de pessoas com este perfil. “Apesar de ser um perfil diferente, no fim tínhamos 23 inscritos por vaga neste processo”, conta Cristiane Kakinoff, gerente de Controle de Qualidade da Liq. Scripts não são usados. Já emojis, figurinhas e memes são muito bem-vindos no atendimento. =)
JORNADA DA INOVAÇÃO
Sócio-fundador da Arca, espaço que sediou o evento, Mauricio Soares deu um recado importante ao dizer que, às vezes, é preciso fazer o que não gostamos para atingir um propósito, mas é fundamental, sobretudo, ser fiel aos nossos valores. “Não podemos entrar na pilha de que os fins justificam os meios”, disse. Para ter sucesso na jornada, Diego Paim, sócio-fundador do FaciLab – Laboratório de Facilitação – foi além e falou sobre a importância do senso de prioridade. “Aprenda a dizer não para muita coisa; caso contrário isso vai lhe atrapalhar a chegar onde quer”. Thais Mazucanti, professora de design thinking da EBAC, concordou. “Uma das coisas que eu aprendi nessa jornada de mudar constantemente foi pegar tudo e ver que eu não estava dando conta de nada”. Soares completou: “Estratégia não é trilho. É trilha. E ela pode lhe levar para qualquer lugar”. Ele citou como exemplo KondZilla, outro destaque do Whow!. “Ele se viu num encontro de youtubers e viu que ele não é um youtuber. Ele é um executivo da música. Portanto, saiba onde é seu lugar no mundo ou dentro da organização, qual problema você está disposto a resolver e foque isso. A ferramenta é só um meio”. Soares também destacou que os melhores profissionais que conhece são aqueles que sabem e reconhecem suas falhas. “Entender o que me falta para que eu possa trazer alguém que me supra”. Foram essas algumas das lições do Whow!, que se consolida como um dos maiores festivais de inovação do País. No ano que vem tem mais! Para acompanhar a cobertura completa
INFLUENCIANDO QUEM INFLUENCIA
O poder das redes sociais e dos influenciadores foi debatido em várias situações ao longo do evento. Talita Lombardi, CEO e founder da agência YMAGY, disse aos participantes do Whow! que os primeiros influenciadores nem sempre tinham um compromisso com a mensagem ou as atitudes nas redes sociais. Mas isso mudou com agências de marketing de influência e até consultores especializados no tema. “Planejamento é imprescindível na construção do marketing de influência. No entanto, mesmo com estratégia, isso não significa que tudo vai dar certo. Você produz dez vídeos, e apenas um dará algum resultado. Estratégia, tentativa e erro são os segredos desse segmento do marketing”, disse Talita.
Com um canal focado em confeitaria e venda, Tábata Romero acredita que as marcas estejam olhando para os criadores de conteúdo como uma estratégia. “Não acredito que o mercado esteja saturado. Todas as carreiras passam por certo nível de saturação, inclusive a de influenciadores. Então, seja muito bom no que você faz”, reforçou.
CEO da PetiteBox, um clube de assinatura para bebês e gestantes, Felipe Wasserman reforçou que, seja qual for o canal, o importante é saber se comunicar. “Hoje o ódio é no social e o elogio é no inbox. As pessoas têm vergonha de elogiar, pois, a mesma plateia que aplaude o ódio, intimida quem elogia”, disse. Se antes o consumidor fugia do relacionamento com a marca, isso mudou e deu espaço a um cliente mais exigente, reforça. “Como lidamos com um público que muitas vezes está em licença-maternidade, as reclamações muitas vezes são fora do horário comercial. Se a cliente posta às 22 horas, às 10 horas do dia seguinte ela já entende que há 12 horas de atraso no retorno. Querem que a gente esteja on-line 24 horas por dia. Nessa hora, temos de esquecer o CNPJ e entrar na conversa como humanos. Eu sempre digo: ‘meu trabalho como CEO é lhe deixar feliz. Eu não ganho nada quando isso não acontece’”.
INOVAÇÃO NO PALCO
Whow! revelou as empresas, as startups e as mulheres que mais se destacam quando o assunto é inovação
Equipe da Seara
“Aquele País que é gigante pela própria natureza – como diz nosso hino – precisa começar a acordar e não ficar deitado eternamente em berço esplêndido, porque muita gente quer fazer o Brasil hoje. Estamos cansados de esperar. Chega de mesmice!”. Foi com esse desabafo que Roberto Meir, CEO do Grupo Padrão, deu início à apresentação do Prêmio Whow!, que reconheceu as cem empresas mais inovadoras do País; entre elas Stefanini, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Grow e Red Bull.
Também subiram ao palco as startups mais promissoras de 2019 de acordo com a 100 Open Startups. “Os números deste ano são três vezes maiores do que os registrados no ano passado. A gente teve 2.500 grandes empresas e 8.600 startups inscritas na plataforma e que participaram da seleção”, destacou Rafael Levy, CTO da plataforma. No top 3 do ranking estão: Allya, startup de programas de fidelidade; Fhinck, que se empenha em aumentar a produtividade nas empresas por meio da inteligência artificial; e Opinion Box, com seus serviços de pesquisa de mercado e customer experience.
Por fim, os participantes puderam acompanhar o Prêmio Whow! Mulheres Inovadoras 2019, que destacou as profissionais que vêm contribuindo com suas ideias inovadoras e inspirando outras pessoas a seguirem os mesmos passos. As vencedoras foram: Célia Kano, da Aceleradora Herd; Lia Castro e Carmem Madrilis, do Grupo M.Ã.E; e Lídia Rogério, Gerente de Governança Digital e Operações da Vivo.