Em busca dos cinco sentidos
Para o sócio-fundador da ARCA, a experiência física e pessoal não será substituída mas, para torná-la possível mesmo num momento como este, é preciso inovar
Antes da chegada da COVID-19, os cinco sentidos do ser humano costumavam ser intensamente absorvidos pela experiência de um evento presencial – desde congressos focados em determinados nichos até performances de grandes bandas. Contudo, a partir de março de 2020, os eventos e as reuniões entre pessoas foram proibidos. Muito do que era possível sentir ao encontrar amigos, colegas de profissão ou, até mesmo, torcedores do mesmo time de futebol precisou ser substituído pelas telas que, apesar de incríveis, limitam nossas experiências à audição e à visão.
Um dos mais prejudicados nesse processo foi o setor de eventos. De acordo com um levantamento feito pelo Sebrae em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Eventos (ABEOC) e a União Brasileira dos Promotores de Feiras (UBRAFE), a pandemia impactou 98% das empresas do segmento.
Não por acaso, no início do isolamento social, grande parte dos consumidores aderiu às lives – feitas inclusive por grandes artistas e patrocinadas por empresas de extrema relevância. Contudo, depois de pelo menos cinco meses em quarentena e com a média de quase mil mortos por dia no Brasil, esse recurso também perdeu aderência. Para Mauricio Soares, sócio-fundador da ARCA, apesar de extremamente útil, o digital, por si só, não é um recurso que substitui todo tipo de experiência presencial.

NOVA FORMA DE CONSUMIR ARTE
É justamente por acreditar que o digital não é uma solução adequada para tudo que o empreendedor já abandonou parcialmente o home office. “Somos uma equipe enxuta, temos condições de trabalhar presencialmente e manter a segurança, então já voltamos a frequentar o nosso escritório pelo menos três vezes por semana – só que agora dando prioridade para reuniões externas por vídeo e tendo o home office como um modelo de trabalho paralelo”, explica. Essa postura também se aplica ao público: para quem visita a ARCA, também foram criadas alternativas seguras. “É o caso da exposição drivethru.art, que foi concebida para ser vista de dentro do carro”, menciona. Para quem não tem um veículo, foi pensado um ingresso com carro do evento e motorista – que também envolveu estratégias de higiene e segurança.
Realizada entre os dias 17 de julho e 9 de agosto, a drivethru.art também utilizou tecnologia para entregar experiência: a partir da leitura de um QR Code, o visitante teve acesso a um áudio-guia, com explicações sobre as obras e o trabalho de pesquisa de cada artista. Com curadoria de Luis Maluf, a exposição reuniu obras com diferentes técnicas, produzidas por 18 artistas de diferentes locais do Brasil, abordando temas de grande relevância para a nossa sociedade.


A exposição drivethru.art viabilizou o acesso à arte com segurança.
Fotos: Bruno Mooca | @brunomooca
OS MESMOS HUMANOS
O modelo pioneiro utilizado na drivethru.art foi inspirado pelo Cinema Drive In, que voltou a existir em São Paulo e em outras cidades como alternativa de entretenimento seguro durante a pandemia.” Apesar de entender esse recurso como uma boa alternativa enquanto a pandemia persiste, o cofundador da ARCA entende que o entretenimento dentro de veículos é uma opção paliativa – como as lives.
Ou seja, a partir do momento em que sair de casa voltar a ser seguro, as alternativas serão melhores do que aquelas possíveis dentro dos carros – ou assistir a shows apenas pelas plataformas de streaming. Sem dúvidas, os cinco sentidos hão de vencer quando a COVID-19 for superada.