

Mais respeito,
menos arrogância
Não há tema mais relevante do que respeito. Sem respeito não há conexão, diversidade de ideias, progresso, civilidade, inovação, felicidade.
Após a leitura da 17ª edição do estudo “Empresas que Mais Respeitam o Consumidor”, realizado em 2019, minha mente imediatamente se transportou para situações do mundo corporativo em que esse bem intangível – o respeito – não estava presente. Ao relembrar detalhes dos causos e das pessoas envolvidas (em sua maioria profissionais extremamente qualificados e com todo o repertório necessário para discernir), me pergunto: qual é o fator, a emoção ou o impulso iniciador do desrespeito? A resposta surge ao identificar o comportamento comum às diferentes histórias: arrogância.
A arrogância de quem pensa saber tudo, de quem se apaixona cegamente por uma ideia, de quem confunde poder com influência, de quem exige autoridade em vez de conquistá-la. Ou, também, a arrogância que é usada como escudo da insegurança, para calar o diferente, para impor uma verdade individual. Arrogância que nasce da falta de empatia, das ideias radicais ou do revanchismo.
Não podemos confundir arrogância com autoconfiança e autenticidade. A empresa ou a pessoa arrogante é aquela com opiniões irreais a respeito de suas próprias habilidades e capacidade de cumprir com as suas promessas. Já o autoconfiante confia em si, pois se prepara para realizar seus projetos. Confia em sua capacidade de criação, pois entrega valor contínua e consistentemente. Empresas e pessoas autoconfiantes estão sempre em busca de melhoria. Questionam o “status quo” com autenticidade por não aceitarem verdades absolutas, mas estão sempre abertas a ouvir e a aprender com o outro. Reconhecem as forças dos outros, pois exercitam diariamente o respeito.
Arrogância é ilusão do ego. Está sempre à espreita e pode se camuflar em nossas atitudes, até mesmo de forma inesperada. Por isso repito: não há tema mais relevante do que respeito.
Somente mantendo as lentes do respeito à frente de nossas palavras, ações e decisões é possível domar e afastar a arrogância.
São nas crises que a nossa capacidade de exercer o respeito é testada. Em momentos de decisão, em que a vida nos apresenta seus dilemas, o caminho é buscar as escolhas que estão em nossa alma e não em nosso ego. Desse modo, as chances de que essas escolhas se encontrem com os princípios do respeito são infinitamente maiores.
Para além do ambiente corporativo, de negócios e consumo, eu termino este artigo com a poesia de João Doederlein, também conhecido como o @akapoeta, que traz mais uma perspectiva sobre respeito:
“Respeito (s.m.) é cultivar empatia dentro do próprio peito. é mapa que mostra limites. é saber que a sua palavra pesa. é não condenar a fé de quem reza. é não entortar o olhar pra roupa que ela quer vestir. nem pra boca que ele quis beijar. é não apontar o dedo. é não fazer o outro viver com medo. é um valor em extinção (que ainda pode ser salvo). é não duvidar de quando ela diz ‘não’. aceita. respeita. é saber que o seu ‘livre-arbítrio’ não é desculpa pra magoar alguém.”
Muito obrigada a todos os leitores e leitoras que acompanharam minha coluna este ano. Desejo a todos vocês um novo ano com mais respeito, criatividade e amor. Até 2021!