NÃO É MAIS
POSSÍVEL
INOVAR
SOZINHO
O CONSUMIDOR MODERNO EXPERIENCE SUMMIT UNIU GRANDES LIDERANÇAS E STARTUPS EM MADRI PARA PROVAR A IMPORTÂNCIA DE APRENDER E ENSINAR SOBRE CRIATIVIDADE
POR MELISSA LULIO
novação. Esta é a palavra que, ano após ano, desafia as empresas. Sai à frente quem consegue manifestá-la indo além de seus significados, transformando‑a em prática e, quem sabe, em uma estratégia intrínseca aos hábitos do dia a dia. Mas não é simples tornar isso real: engolidos pelos processos do cotidiano, executivos e colaboradores deixam a inovação “para amanhã”. E acabam ficando para trás.
Porém, o papel dos influenciadores é justamente colocar as grandes mentes para trabalhar: a sociedade, o mercado e a iniciativa privada precisam de inovação. E foi nesse contexto que o Consumidor Moderno Experience Summit, com o tema Ecossistemas de inovação: construindo um novo mindset para potencializar a competitividade, incentivou a capacidade de pensar diferente.
Em Madri, 150 executivos, das maiores empresas do Brasil, se uniram para debater e aprender uns com os outros. A experiência se estendeu para o ambiente de inovação da cidade: startups locais se uniram ao grupo, trazendo informação e principalmente diálogo, ampliando o horizonte de aprendizado. Tudo isso aconteceu sob os cuidados da Berlin School of Creative Leadership, representada por Stuart Hardy, diretor de Educação Executiva da escola internacional de negócios.
Não por acaso, foi ele a principal voz do evento, falando sobre lideranças e engajamento para a inovação. “Como alguém vai lhe seguir se nem você sabe para onde está indo?” questionou, por exemplo. Nesse sentido, demonstrou a importância de influenciar pessoas por meio da autenticidade – e não apenas pela autoridade ou pelo exercício de poder. O mundo mudou, líderes também precisam mudar.

1. LIDERANÇA
QUE LÍDER VOCÊ QUER SER?
“Antigamente, era fácil ter poder e gerir uma empresa, pois havia apenas públicos-alvo e tudo era previsível”, defende Hardy. Hoje, porém, existem pessoas treinando outras pessoas para empregos que não existem, imergindo em um mundo de incertezas e apostando nelas para viver de forma saudável e inovadora.
Todo esse contexto torna possível envolver e engajar os colaboradores. E o papel da liderança é indispensável. De acordo com Hardy, a dedicação das pessoas varia de acordo com a influência do líder. Por isso, é preciso analisar o negócio para reconhecer as qualidades pessoais de quem o lidera e também do negócio. “A influência é o que controla a mudança”, diz.
Além disso, o nível de estresse está alinhado com o esforço despendido no trabalho – o que também é impactado pela capacidade do líder de engajar. Diante disso, o diretor de Educação Executiva apresenta uma escala de esforço – que tem em seu ponto máximo o “comprometimento total” e o ponto mínimo identificado como a “guerra”.
2. VALORES E PROPÓSITO
DENTRO DE GRANDES EMPRESAS
Engajamento acaba sendo, então, um ponto essencial para o sucesso das empresas. E, para obtê-lo, é preciso garantir a autenticidade da empresa – valores e propósito que façam sentido às práticas diárias. Esse aspecto foi discutido por Jacques Meir, diretor-executivo de Conhecimento do Grupo Padrão, em debate realizado durante o evento.
Sabemos que grandes propósitos movem as startups. Mas será que grandes empresas também agem de acordo com seus valores? Considerando alguns exemplos apresentados durante o evento, podemos considerar que sim. Fernando Yunes, CEO do Sem Parar, por exemplo, afirma que o valor da empresa é gerar tempo para os consumidores. “Quando você passa direto pelo pedágio e economiza tempo, chega a ganhar até 40 minutos em dias de trânsito”, diz. Hoje, o grande desafio é estender esse serviço para outros ambientes, eliminado mais barreiras pela cidade.
De acordo com Luiz Gustavo Souto, commercial director do Carrefour Bank, o propósito da área é a inserção das pessoas em um ambiente melhor, com mais possibilidades – ou seja, a inclusão. “Em muitos casos, somos uma porta de entrada na bancarização, com o uso do cartão”, explica Souto. A nobre motivação, evidentemente, leva ao amadurecimento das relações de consumo, o que torna o modelo de negócio próximo da Serasa Experian: nesta empresa, o propósito é levar soluções utilizando uma série de funcionalidades para que o cliente cresça – seja ele uma empresa, seja uma pessoa.
Por mais que empresas de grande porte tenham valores válidos e claros, é evidente a forma como essa questão se estrutura nas startups: nesse caso, o propósito vem antes do modelo de negócio. Os exemplos vivenciados ao longo dos dias, em Madri, deixaram isso claro.
VALORIZANDO AS COMUNIDADES
A mudança de percepção, como argumenta Roberto Meir, CEO do Grupo Padrão, é um caminho sem volta. Nesse sentido, ele cita a startup Microwd, que nasce como um modelo de negócio o qual possibilita a obtenção de crédito por empreendedoras da América Latina, criando uma ponte entre essas mulheres e esses investidores, fomentando a educação e o empreendedorismo e, como a própria startup defende, “quebrando o círculo vicioso da pobreza”.
A Mi Olivo também atua em prol de comunidades: a ideia surgiu a partir de um projeto de apadrinhamento de oliveiras abandonadas. Naturalmente, existia uma dor a ser eliminada. Esse foi o gatilho para o desenvolvimento de um negócio que gera apoio para produtores capazes de recuperar oliveiras de 100 mil anos, em Oliete, município da província de Teruel, na Espanha.
Os padrinhos acompanham a recuperação da árvore escolhida e financiada por meio de um app e, quando visitam o local, recebem como recompensa dois litros do azeite obtido. O mais especial, contudo, não está no produto: a empresa possibilita que exista trabalho para a população, por meio desse apoio.
O fomento à leitura, por sua vez, é o propósito por trás da 24symbols: a startup desenvolveu uma plataforma de assinatura para livros, transportando o prazer da leitura para o ambiente digital e, principalmente, tornando essa experiência acessível.
DE OLHO NOS DADOS
O uso de dados para a geração de oportunidades também foi uma clara tendência percebida entre as startups. Três delas atuam dessa forma. A Bridge for Billions, por exemplo, conecta empreendedores a pessoas e empresas que podem se interessar por cada novo negócio, criando possibilidades de fomento.
Na Sway Map, os dados são usados para combinar influencers e marcas, identificando possibilidades de negócio, enquanto na Talentoo a tecnologia colabora com o recrutamento de pessoas, unindo quem procura empregos e empresas que oferecem vagas.
MOBILIDADE
Mesmo a Cabify, que já atingiu um tamanho considerável, nasceu com um propósito bastante nobre: levar mais qualidade de vida para as cidades, que crescem de forma descontrolada. Quem falou sobre o tema foi o Regional Manager Europe, Mariano Silveyra, que trouxe importantes dados para a discussão. De acordo com o executivo, 75% dos carros disponíveis são conduzidos por uma única pessoa, enquanto 95% dos carros ficam estacionados. Além disso, perdem-se mais de 98 horas no trânsito, além de 1,2 milhão de mortes. A Cabify, então, nasceu como uma opção mais segura e saudável, participando de um modelo que o executivo apresenta como “mobilidade as a service”.
Silveyra afirmou ainda que a tendência é que os carros evoluam de acordo com quatro tendências: eles devem ser mais conectados, elétricos, autônomos e compartilhados. E a Cabify já está à frente nesse processo, pois é a empresa que mais conta com veículos elétricos.
O fator comum entre todas as tendências, porém, é o uso do software, capaz de envolver todos os aspectos – como as empresas de compartilhamento de mobilidade. “Nesse ritmo, todos os fabricantes de veículos tendem a se envolver com as tendências, deixando seus negócios tradicionais para atuar como prestadores de serviços”.
Com isso, devem surgir mais veículos compartilhados, envolvidos com a cidade de forma fluida, possibilitando uma menor emissão de gases, menos ocorrências de acidentes fatais e um real aprimoramento do espaço urbano.
EM MADRI, 150 EXECUTIVOS, DAS MAIORES EMPRESAS DO BRASIL, SE UNIRAM PARA DEBATER E APRENDER UNS COM OS OUTROS
QUANTO É POSSÍVEL SE ESFORÇAR POR UM NEGÓCIO?
Stuart Hardy, da Berlin School of Creative Leadership, desenvolveu uma escala que mostra como os colaboradores se sentem de acordo com o seu nível de comprometimento. Ele piora conforme aumenta o esforço despendido.
-5 = GUERRA
-4 = BATALHA
-3 = RESISTÊNCIA ATIVA
-2 = RESISTÊNCIA PASSIVA
-1 = APATIA
0
+1 = INTERESSE PASSIVO
+2 = INTERESSE ATIVO
+3 = EU VOU TENTAR
+4 = COMPROMETIMENTO QUALIFICADO
+5 = COMPROMETIMENTO TOTAL
3. CRIATIVIDADE
DENTRO DE GRANDES EMPRESAS
Somos criativos por natureza, mas o tempo, a experiência e a escola fazem com que fiquemos um pouco mais medíocres. A afirmação lembra um pouco Jean-Jacques Rousseau, mas a ideia é traduzir um pouco do que o innovation evangelist Alberto Levy transmitiu durante o Innovation Day. O especialista estudou no MIT, é conferencista e mentor de startups em quatro continentes, está à frente de dezenas de projetos de tecnologia, inovação e arte, e defende que a criatividade é algo intrínseco ao ser humano. Há diversas estratégias para despertá-la, gerando inovação – palavra que, segundo o especialista, é “mais falada que religião hoje em dia” – e algumas delas foram experimentadas no Consumidor Moderno Experience Summit.
Diversos exercícios e desafios foram realizados: em grupos, as pessoas precisaram identificar cem usos diferentes para um cabo USB, desenvolver produtos capazes de transformar pequenas tarefas do dia a dia, fazer aproximadamente 20 desenhos dentro de círculos, organizar uma fila de acordo com o dia de nascimento.
O objetivo foi produzir pensamento incremental, diminuindo a inibição do grupo em compartilhar ideias, incentivando a usar todas as possibilidades imagináveis que a equipe oferece para atingir o resultado. Porém, mais do que tudo, a experiência ensinou o valor de construir ideias em equipe.
Tal vivência foi desenvolvida no espaço La Nave, ambiente que ganhou sua forma definitiva e atual há cerca de um ano. Hoje, tem o objetivo de formar, acelerar e conectar empreendedores que produzem inovação com profundo impacto social. O empreendimento em si é uma releitura de uma antiga fábrica de elevadores que se conecta e apoia uma comunidade que foi duramente castigada pela crise financeira há dez anos.
4. IMPACTOS EM NOVOS NEGÓCIOS
GOOGLE DE PORTAS ABERTAS
Além do espaço La Nave, a delegação também teve a oportunidade de visitar o Google Campus Madri. Lá, pode-se perceber a importância de ouvir e sentir a energia das startups – aprendendo não apenas a desenvolver produtos e serviços, mas a tolerar e respeitar possibilidades.
Nesse local, algumas startups apresentaram seus modelos de negócio. Uma delas foi a Zapiens, uma plataforma de gestão de conhecimento e analytics de pessoas. O conceito do negócio é um híbrido humano e máquina que faz as pessoas aprenderem de modo acelerado em empresas. A partir do conhecimento de colaboradores, a plataforma alimenta a base de informações da companhia e permite desenvolvimento crescente de competências, economia de tempo e conexão entre colaboradores. Como sempre, a inspiração inicial foi resolver os problemas.
A Valeet, uma startup que desenvolveu um serviço de estacionamento para aeroportos, voltado para viajantes frequentes, também foi apresentada. A ideia central é permitir que os executivos possam ir com seus próprios carros para os terminais e deixá-los com motoristas que tomam conta dos veículos durante a viagem – lavando-os, abastecendo-os.
Houve também uma história que começou no Brasil. A Sheetgo, startup que oferece uma solução de workflow automático para pessoas sem habilidades tecnológicas, foi acelerada pela Wow e tinha como foco a solução de dilemas relacionados à criação e ao compartilhamento de planilhas dentro das empresas. Para cada planilha gerada, há 12 pessoas que a utilizam, o que normalmente causa incorreções na aplicação, atualização e uso dos dados inseridos, por isso, é válido contar com o serviço, que garante governança sobre os dados inseridos. Hoje, a empresa está em mais de 80 países e tem clientes como Spotify, Uber, Gartner e Fundação Lemann. A premissa do negócio é um dado prosaico.
A delegação viu também a apresentação da Pulpomatic, uma ferramenta SAS para gerenciar frotas de veículos, que concentra informações burocráticas e funcionais de cada unidade para que relatórios sejam gerados com alertas de ações. É um negócio voltado para empresas que tenham frota de veículos como core business ou diferencial competitivo, pois permite ter, em uma única base, dados sobre os veículos, com todas as datas de seguro, revisão, custos diretos, indiretos, manutenção com acesso simplificado e avisos prévios para a tomada de ações.
ECOSSISTEMAS PROPRIETÁRIOS
Ainda no Google Campus, após a apresentação das startups, o público conheceu Soraya Ferathia e Pedro Luzón, responsáveis pela operação do Airbus Bizlab na Europa. Como uma grande empresa disposta a investir em inovação, a Airbus tinha muito a ensinar para a delegação. “Faça a disrupção, antes de ser vítima dela”, ensinou Soraya.
Segundo Pedro Luzón, o Bizlab da Airbus dá condições para que as startups residentes possam ter acesso a mentores, expertises, algum investimento (por meio da Airbus Ventures) e ferramentas que permitam a elas criar inovações para o ecossistema da indústria. A metodologia compreende identificar grandes questões e problemas e então verificar se as coleções propostas resolvem esses problemas e se são viáveis financeiramente para posterior implementação. Além disso, o Bizlab também recruta empreendedores para todas as divisões da Airbus.
SERÁ QUE É FÁCIL, PARA UMA EMPRESA DE TAMANHO E MODELO TRADICIONAIS, ADOTAR CARACTERÍSTICAS E HÁBITOS DE STARTUPS?

5. FORMAS DE INOVAR
É PRECISO APRENDER COM O “LADO DE LÁ”
Stuart Hardy, da Berlin School of Creative Leadership, defende que as empresas têm inovado, porém, elas têm apostado na evolução desse conceito, se tornando melhores nesse sentido.
Antes, por exemplo, trabalhava-se com a ideia de inovação fechada, hoje, aposta-se em ideias que vêm de fora, estudando mais do que o próprio negócio. Agora, para ele, a grande questão é a aposta na conexão em rede. “Não podemos confundir criação criativa com técnicas e metodologia”, defende. “Ter uma cultura criativa é muito diferente”.
É natural que uma das principais preocupações das empresas seja aprender a inovar tanto quanto as startups. Contudo, será que é fácil – ou até possível – que uma empresa de tamanho e modelo tradicional adote características e hábitos de empresas jovens e digitais?
Para Manzar Feres, vice-presidente de Large Enterprise, Sales & Marketing da Serasa Experian, existem muitas formas de adotar o mindset de startup. A Serasa Experian escolheu desenvolver modelos de negócio dentro da própria empresa, deixando-os separados de todo o resto. Além disso, a empresa mudou a forma de contratar.
O Carrefour, por sua vez, começou a apostar em transformação digital e realizou uma joint venture com o Itaú Unibanco e revela que o maior aprendizado foi sobre a importância do peso da inovação aplicada no dia a dia da operação.
Mesmo para quem nasceu digital, como o Sem Parar, inovar não é fácil. Yunes conta que é essencial aprender com o que existe de melhor no mundo, considerando que cada negócio está em um estágio de evolução como negócio. “É preciso humildade, para crescer e aprender”, defende. “Temos que avançar mais do que a concorrência, colocando sempre o consumidor no centro”.
Nesse sentido, para Jorge Braga, CXO do Grupo América Móvil, é preciso que haja uma mudança que começa dentro de cada um. “Vi todas as startups contando sobre seus negócios, revelando como identificam necessidades que vêm de encontro com o dia a dia, e isso tem sido um esforço na Claro: trabalhamos o modelo mental inclusive dos executivos, fazendo de fato uma transformação”, revela. Nesse sentido, ele defende que a tecnologia não é mais uma forma de diferenciação. Ela permite diversas vantagens, porém, os ganhos na experiência são os verdadeiros diferenciais.
9 INSIGHTS DO CONSUMIDOR MODERNO EXPERIENCE SUMMIT 2018
Durante três dias, a delegação teve a oportunidade de conhecer e se envolver com modelos de negócio ousados e disruptivos. Identificamos alguns pontos que podem ser levados de lá para a vida
Inovar é conectar diferentes visões, diferentes mundos, diferentes práticas
Colaboração é essencial para incrementar o poder de uma ideia e moldá-la até que se torne inovação
Simplesmente adotar práticas de startups não assegura um resultado inventivo. É necessário trabalhar a cultura
Dedicar tempo para tarefas criativas é um poderoso instrumento para arejar ideias, práticas, modos de fazer
A criatividade faz parte da natureza humana, mas mantê-la viva é um grande desafio
A postura do líder altera o nível de comprometimento dos colaboradores
Existem diversas formas de inovar, cada empresa precisa decidir qual é a maneira que prefere
Uma das principais lições das startups é a tolerância ao erro
Empresas que se preocupam com a própria sobrevivência precisam pelo menos tentar
ANTES, TRABALHAVA-SE COM A IDEIA DE INOVAÇÃO FECHADA. AGORA, A GRANDE QUESTÃO É A APOSTA NA CONEXÃO EM REDE

6. ECOSSISTEMAS INDISPENSÁVEIS
DE MÃOS DADAS PELA INOVAÇÃO
Apesar de todos os exemplos citados, é inegável a dimensão do desafio enfrentado pelas empresas. Ao mesmo tempo, são imensas as dificuldades das startups, em qualquer lugar do mundo. Isso justifica a importância de criar um ecossistema de inovação, como acredita Sofía Benjumea, head do Google Campus em Madri. “Não é sobre ter uma ideia, mas sobre criar um ecossistema que possa rever, gerar e acelerar negócios que mudem o mundo”, defendeu.
Segundo a executiva, a ideia central é realmente ter um local para fazer conexões, um ambiente para iniciar negócios e fazê-los crescer, criando acessos globais e compartilhando metodologias e melhores práticas e gerando valor a partir desse trabalho conjunto. “Nós precisamos trabalhar com startups, ser receptivos a elas, para que nossas culturas possam ganhar agilidade, velocidade e inovação e para que possamos resolver problemas aparentemente insolúveis em nossas organizações”, afirmou.