O ARQUITETO “LOUCO” POR TECNOLOGIA
Carlo Ratti é um urbanista nada convencional. Inventor, ativista, arquiteto e professor no Massachusetts Institute of Technology (MIT), ele defende o uso de dados dos smartphones como determinantes para o desenho das grandes cidades. As suas ideias inovadoras lhe renderam o título de um dos “50 designs mais influentes da América” pela revista americana Fast Company. Ratti foi eleito, ainda, uma das “50 pessoas que vão mudar o mundo”, segundo a revista Wired. Em visita ao Brasil para o CIO Week, um evento organizado pelo Experience Club, ele conversou com a Consumidor Moderno. Confira:
POR IVAN VENTURA
CONSUMIDOR MODERNO – QUE TIPO DE PROJETOS O SENHOR LIDERA DENTRO DO MIT SENSEABLE CITY LAB?
Carlo Ratti – Investigamos diversas áreas e suas aplicações: da participação do cidadão ao planejamento urbano, da energia à mobilidade, da gestão da água ao desperdício. Agora, temos vários projetos que lidam com mobilidade. Um deles é o chamado Frota Mínima, em que calculamos o número mínimo de táxis que seriam necessários na cidade de Nova York para atender a todas as necessidades da população. Percebemos que a frota poderia ser reduzida em 40%.
CM – UMA DAS TEORIAS DEFENDIDAS PELO SENHOR É O PODER DE TRANSFORMAÇÃO DAS CIDADES POR MEIO DOS SMARTPHONES. O QUE SIGNIFICA ISSO?
CR – Os dispositivos de IoT, como nossos smartphones, produzem dados em quantidades imensas. Um exemplo é um estudo que realizamos em abril deste ano sobre o uso de telefones celulares de motoristas para monitorar a segurança de pontes ou outras infraestruturas. Usando sensores e acelerômetros que esses aparelhos já possuem, conseguimos medir as vibrações de uma ponte e o seu “status estrutural”. Isso nos ajuda a medir o envelhecimento dela.
CM – O HIGH LINE PARK (VIA FÉRREA TRANSFORMADA EM PARQUE) EM NOVA YORK, NOS EUA, NÃO SÓ MEXEU COM A ESTÉTICA DA CIDADE COMO RESULTOU EM UMA DIMINUIÇÃO DOS ÍNDICES DE VIOLÊNCIA, CORRETO?
CR – Exato. O design tem o poder de transformar as cidades. A propósito, cito aqui uma frase do economista (americano) Herbert Simon, no livro “The Sciences of the Artificial”: “As ciências naturais estão preocupadas com as formas como as coisas são. O design, por outro lado, se preocupa com a forma como as coisas deveriam ser”.