REBECA DE MORAES
Diretora da Soledad
O NOVO DO SXSW É SOBRE
COMO RESOLVER PROBLEMAS VELHOS
O NOVO DO SXSW É SOBRE COMO RESOLVER PROBLEMAS VELHOS
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“A edição de 2019 do SXSW não trouxe uma nova reinvenção da roda, nenhuma tecnologia nova, mas problematizou todas elas: como vamos usar essas novas ferramentas a favor de resolver problemas dos consumidores?”
No início de março, andar pelas ruas de Austin, a capital do Estado americano do Texas, fazia qualquer paulistano se sentir no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Evidência que não deixa dúvida: os brasileiros estão entre os mais interessados em ouvir sobre tendências e inovação. Eram esses os assuntos que levaram um total de cerca de 70 mil pessoas, segundo a imprensa local, ao SXSW (ou South by Southwest, para quem prefere pronunciar o nome completo) Interactive, um dos festivais de inovação mais importantes do mundo. Além do Interactive, que enche o centro da cidade texana de publicitários, profissionais de marketing e agências de comunicação e tendências, o SXSW tem também dias dedicados ao cinema e à música. É para a autêntica Austin que rumamos nós, então, para saber o que não poderá faltar nas conversas sobre inovação de 2019. Vou adiantar a resposta: não é nada além do que você já sabe.
Inteligência artificial, algoritmos e ciências de dados, realidade aumentada, edição genômica, internet das coisas: todas essas tecnologias continuam no ápice das conversas de inovação. A edição de 2019 do SXSW não trouxe uma nova reinvenção da roda, nenhuma tecnologia nova, mas problematizou todas elas: como vamos usar essas novas ferramentas a favor de resolver problemas dos consumidores? E que decisões as empresas vão tomar para manter os dados dos seus consumidores protegidos? Que atitudes os governos devem tomar para fazer valer a proteção que dá aos cidadãos diante da entrada massiva das tecnologias e das empresas privadas na vida das pessoas nas cidades?
Entender como as novas tecnologias estarão de fato envolvidas na vida das pessoas coloca no centro da discussão o fator humano. E é exatamente este o tom de 2019: é a hora de entender como vamos relacionar máquina e humano.
Quando falamos em máquina, não é mais aquela antiga ideia do robô, e de como robôs vão substituir humanos nas funções de trabalho. É sobre como as tecnologias vão não mais intermediar as relações, mas fazer parte delas de maneira fluida – como usamos hoje o celular quase como se ele fosse parte do nosso corpo. Agora pense nisso para uma relação superfluida com a inteligência artificial, a ponto de perguntar a uma máquina qual é a previsão do tempo e, além da resposta, ela aproveitasse para dizer que, pela sua voz, entendeu que você está um pouco nervoso e sugerir diminuir a intensidade da luz da sala, para acalmar você.
E quando falamos em “humanos” também vêm aí novos paradigmas. As conexões com as pessoas e o que produzimos a partir delas (os sentimentos, os laços, as produções) são o que faz de nós humanos. À medida que essas conexões se mostram muito fluidas, e passamos a nos relacionar por meio de aparelhos (todas as redes sociais, as ferramentas de videochamada e tantas outras ferramentas), a ponto, como mencionei no parágrafo anterior, de uma máquina poder diagnosticar seu humor, o que passa a nos definir humanos? Parece uma discussão filosófica demais, eu sei, mas é cada vez mais pertinente no mundo dos negócios: como vamos criar produtos, serviços e jeitos de nos comunicarmos com nossos clientes, usando toda a tecnologia disponível, sem tirar das pessoas o sentimento de pertencimento que só boas conexões trazem?
“A edição de 2019 do SXSW não trouxe uma nova reinvenção da roda, nenhuma tecnologia nova, mas problematizou todas elas: como vamos usar essas novas ferramentas a favor de resolver problemas dos consumidores?”