OS SAPATOS MAIS CONFOTÁVEIS DO MUNDO
POR ROBERTO MEIR
Foi com esse slogan que a AllBirds, uma loja de calçados de Nova York, aguçou minha curiosidade. E, para a minha surpresa, além de confortáveis (os sapatos podem ser usados, principalmente, sem meias), os produtos têm uma pegada sustentável. As embalagens aproveitam papelão reciclado. Os cadarços surgem a partir de garrafas plásticas. E entre os materiais usados estão desde fibras de árvores certificadas e oriundas de fazendas sul-africanas a lãs de ovelhas com fibras que, além de regularem a temperatura, são ultrafinas (têm 20% do diâmetro do cabelo humano). Vale, a título de curiosidade, destacar que na Nova Zelândia, onde a marca surgiu, as ovelhas superam os humanos! Sim, estamos acostumados com marcas como Patagonia, Toms Shoes e Warby Parker, que defendem causas e se preocupam em reduzir o impacto que geram no meio ambiente. Mas a AllBirds conseguiu me encantar até no envio da nota fiscal. Com o documento, enviado por e‑mail, a marca indexa um link que explica todo o seu processo produtivo e permite – pasmem – rastrear até a árvore e a ovelha usadas na produção do calçado que levei para casa.
Essa é um exemplo de marca que sabe levar a conversa com o cliente adiante. E que, sim, encanta. Mas ao mesmo tempo nos faz pensar em como é importante termos iniciativas deste tipo por aqui. A boa notícia é que o Brasil começa a sair do marasmo. O fato de a Reforma da Previdência virar pauta nas ruas é uma das provas disso. Quem diria que 1 milhão de pessoas invocariam a reforma em prol de um bem comum? Ao mesmo tempo, as empresas caminham rumo à inovação. Mas a passos curtos. Bem curtos. As lojas Starbucks Roastery, por exemplo, trazem uma experiência multissensorial com a seleção de grãos dos mais raros e extraordinários cafés do mundo. Lá, é possível provar opções vindas de Peru, Quênia, Costa Rica, Colômbia. Mas a triste constatação é a de que o Brasil – o maior produtor e exportador de café – inexiste nas prateleiras da maior rede de cafés do mundo. E por que isso acontece? Porque nos preocupamos mais com a produção em massa do que com a qualidade de produtos exclusivos, com um toque gourmet; ativos intangíveis que fazem com que outros países saiam na frente.
“São raras as exceções nas quais empresas desafiam o status quo para desenvolver algo que realmente fará diferença”
E, enquanto não entendermos o real valor da inovação, a batalha seguirá perdida. Por aqui temos, no máximo, uma inovação incremental; aquela na qual apenas incorporamos elementos a algo que já foi criado. São raras as exceções nas quais empresas desafiam o status quo para desenvolver algo que realmente fará diferença. Por sorte, temos alguns exemplos, como a profusão das fintechs, que evoluíram e movimentaram os bancos a se tornarem mais digitais. O primeiro passo é não olhar para a inovação considerando faturamento; um erro que muitas vezes acontece. Se fosse assim, o WhatsApp, quando foi vendido para o Facebook por US$ 22 bilhões, não poderia ser considerado inovador; afinal, registrava faturamento zero.
Por isso, nas páginas a seguir, trazemos um mapeamento robusto das 100 empresas mais inovadoras do País. A inovação por aqui ainda é tímida, mas podemos ver nos exemplos a seguir empresas que, no lugar da apatia, lançaram mão da ousadia para transformar seus mercados e entregar valor para acionistas, colaboradores e, principalmente, consumidores. Espero que o Whow!, o mais completo festival de inovação já realizado no País, sirva de inspiração para as lideranças e favoreça conexões e trocas de ideias que ajudem as empresas a seguirem a trilha que as levará rumo ao futuro!