

Thomas Kolster, autor e ativista de marketing, deseja ser a inspiração de uma nova cultura, na qual as pessoas e o planeta venham em primeiro lugar. Agora ele mudou sua posição sobre o ativismo de marcas: “Eu acreditava em propósitos e no ativismo de marcas. Aplaudi e incentivei algumas delas a lutar contra injustiças e em prol do nosso planeta. Até escrevi o livro Goodvertising: Creative Advertising That Cares (Thames & Hudson, 2012) sobre isso. Mas devo sacudir os alicerces das minhas crenças. Com a atual abordagem de propósitos em voga, a história não está ao nosso lado. Um mês atrás, enquanto um policial tirava o joelho de cima do pescoço de George Floyd, todas as marcas e CEOs já gritavam: ‘Vidas Negras Importam’! Vejo sempre o mesmo padrão se repetir, seja em relação ao clima, seja em relação ao plástico nos oceanos ou à redução da população de abelhas. No entanto, um propósito não deve ser uma cruzada para mostrar qual marca se importa ou se sacrifica mais.”
Talvez, por essa razão, nos interessamos cada vez menos pelos discursos inflamados e pelas palavras de ordem de marcas. E cada vez mais nos encantam os convites e as provocações à reflexão, ao autoconhecimento e à transformação.
Durante este confinamento, nos demos conta de que podemos viver de uma maneira diferente. Outras dimensões de nossas vidas se revelaram e novos sonhos e ambições surgiram.
Queremos nos transformar. E, para isso, queremos conversas e conteúdos que nos levem na direção de nossos objetivos ou nos ajudem a superar obstáculos. Atividade física, lazer, relacionamentos saudáveis, gastronomia, música, nesting, artes manuais, estudos. São coisas que redescobrimos e queremos mais e mais.
Como você pode ajudar as pessoas a se transformar?
Se queremos mudar o comportamento de uma marca, precisamos alterar fundamentalmente seu mindset. Segundo Kolster, não é mais sobre “por que” a marca é importante e sim sobre como a marca pode me ajudar a ser “quem” eu quero ser.
Uma pergunta simples ajuda a começar essa mudança: quem você pode me ajudar a ser? Assim, podemos ir além das mensagens de marketing ou de abordagens bem-intencionadas. E começar a entrar no terreno da transformação pessoal.
Podemos pensar em muitas marcas simpáticas que vendem produtos, histórias ou identidades. Mas são raras as marcas que nos ajudam a sermos pessoas melhores (aos nossos olhos), superando nossos obstáculos e caminhando na direção de nossos objetivos.
Trata-se de mudar o conceito? Migrar da “marca-herói”, em que tudo é sobre mim – e sobre o que eu faço por você, para a “marca facilitadora – em que tudo é sobre você, seus interesses, sobre o que você pode fazer por você e como eu posso ajudá-lo a ser, fazer, refletir e experimentar mais.
Será o início de uma nova era?