REBECA DE MORAES
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SUA MARCA PRECISA DE UM
NOVO SEX APPEAL
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“Sexestima é uma tendência que nasce de uma mudança no comportamento sexual, mas tem impacto em diversas esferas da vida dos latinos e, portanto, no negócio das empresas”
Recentemente, uma jovem de 22 anos, que nós entrevistávamos sobre sua relação com maquiagem, contou que foi impactada pelo Instagram por meio de um anúncio sobre um curso de terapia tântrica. Mesmo que caminhando para uma estrada diferente da que havia me levado a ela, não pude conter minha curiosidade e questionar o que a levou a se informar sobre aquela novidade. Era um anúncio, disse ela, que falava sobre encontros de mulheres – “resgate do feminino” (em referência à sexualidade feminina) – e sobre um workshop por meio do qual se aprenderia sobre a própria sexualidade. E por que fazer o tal curso? Questionei, tentando entender suas motivações. “Saúde e bem-estar” foi sua resposta, para minha total surpresa. Ela falava da sexualidade de maneira que me pareceu inesperada: não era sobre melhorar sua performance sexual. Era a sexualidade como ferramenta para aperfeiçoar sua autoestima e, principalmente, para trazer bem-estar.
Este foi um dos depoimentos que nos levou à “Sexestima”, uma tendência que nasce de uma mudança no comportamento sexual, mas tem impacto em diversas esferas da vida dos latinos e, portanto, no negócio das empresas. É uma tendência que fala sobre a construção de uma narrativa nova e mais diversa para o sexo – que deixa de ser só o ato sexual em si para ser momentos de prazer individuais, com amigos, ou mesmo estar com o parceiro ou a parceira em outros momentos, como dividir um sofá para ver Netflix. É sobre o desejo crescente dos latinos de encontrar lugares para expor suas vulnerabilidades, ter encontros com pessoas que pensem parecido (em tempos de polarização nas redes sociais!) e ampliar as narrativas sobre sexo. As campanhas de Dia dos Namorados, que mostram a sedução de um casal numa mesa de jantar e depois caminhando para entrar num carro chique a caminho de casa, estão com os dias contados. Sabe qual é, na opinião dos nossos entrevistados, o encontro a dois ideal? Uma noite confortável assistindo a um filme em casa. A intimidade vai ficando mais importante do que as mais tradicionais fantasias sexuais.
O primeiro e mais evidente impacto é que nos próximos anos veremos o assunto sexualidade saindo de quatro paredes e cada vez mais ganhando o público. Isso se dá pela maior abertura em falar no assunto – movimento que notavelmente parte das mulheres. Na nossa pesquisa, 76% dos latinos afirmam que conversar abertamente sobre sexo é importante para entender que aspectos da sexualidade mais gostam, o que satisfaz e agrada a si mesmo e aos outros. Também entra em cena a valorização de outras formas de prazer. Entre os latinos, 55% entendem que transar não é a única forma de satisfazer seu desejo sexual. “Carinhos”, “jogos”, “amor” e “conversas” são palavras que aparecem na nossa pesquisa como formas de satisfação. Outra prova disso é o que chamamos de “efeito Netflix”: a maior parte dos entrevistados (33%) afirma que o encontro ideal é o que envolve uma noite confortável em casa. Já romantismo do jantar, depois de um filme no cinema, é o programa preferido de 22%.
Uma mudança de comportamento importante como essa também impacta os negócios. Estamos falando aqui de uma busca geral por espaços em que seja possível ter conversas horizontais e em que seja possível expor vulnerabilidades. E é esse o desejo emergente: fazer conexões, trocar ideias, se reeducar. Na América Latina, 66% das pessoas consideram muito importante buscar por qualidade nas relações interpessoais. Pense, por exemplo, no impacto para pontos de venda: eles são os porto-seguros das marcas e devem, cada vez mais, ser lugares que proporcionam esse tipo de encontro.
“Sexestima é uma tendência que nasce de uma mudança no comportamento sexual, mas tem impacto em diversas esferas da vida dos latinos e, portanto, no negócio das empresas”