Uma mulher de impacto
POR DIMAS RIBEIRO
Diretora da Peclers Paris no Brasil e um dos destaques este ano do CONAREC, Iza Dezon costuma chamar a atenção com frases de impacto, como “Não há como jogar o lixo fora. Não há fora”. Há quase uma década no mercado de macrotendências e pesquisas, ela vai além e diz que, aos 70 anos, não teremos o corpo retratado pelas marcas nos anúncios de beleza. E mais: em cinco anos, 25% da população será idosa. Iza também levanta a bandeira de causas relacionadas à preservação da natureza. Para ela, além de nativos digitais, os jovens também são nativos ambientais. O que ela quer dizer com isso? Que as marcas precisam estar alinhadas às preocupações do novo consumidor e em como tornar o mundo um lugar mais aprazível e habitável. Confira, a seguir, a nossa conversa com a especialista:
CONSUMIDOR MODERNO – COMO SURGIU SEU INTERESSE POR TENDÊNCIAS?
IZA DEZON – Trabalhar com tendências nasceu da minha vontade de continuar a trabalhar com moda, mas de uma maneira com a qual eu pudesse atender a diversas marcas. Nisso, entra minha capacidade de entender sinais e decifrar hábitos e comportamentos advindos da experiência com a moda. Dentro da Peclers Paris, acabei por trabalhar com todos os segmentos, como mobilidade, futuro do morar e futuro do trabalho. Tudo isso para conectar esse universo estético a filósofos e sociólogos preocupados em entender o macroambiente.
CM – COMO A COMPREENSÃO DO COMPORTAMENTO DE HOJE IMPACTA A VIDA DAS PESSOAS E DAS EMPRESAS?
ID – O futuro quem faz somos nós. Então, na realidade, o trabalho de pesquisa é um convite para que as empresas possam considerar cenários possíveis e desejáveis. O que muda é que agora precisamos nos planejar para isso, para atingir esse futuro que tanto almejamos. No Brasil, ainda temos um cenário difícil, uma lógica de sobrevivência; não percebemos que a forma com a qual construímos cada segundo é o que determinará nosso destino. Então, nosso trabalho com tendências ajuda a imaginar e a planejar um futuro mais próximo.
CM – TODAS ESSAS MUDANÇAS SOCIAIS DEPENDEM DE UMA AUTOCONSCIÊNCIA?
ID – Sempre digo que trabalho com pessoas e que as empresas são consequências. Pessoas motivadas conseguem mudar as estruturas. Não mudaremos nada disso sem mudar as pessoas. Quando falamos de um público maduro, por exemplo, se não chamarmos essas pessoas para entender como comunicar e como oferecer soluções para elas, nada disso se solucionará.
CM – DURANTE O CONAREC, CHEGOU A FALAR SOBRE COMO PODEMOS ENVELHECER GRACIOSAMENTE. QUAL É O SEGREDO?
IZA DEZON – Tudo, de certa forma, volta à revolução empática a qual estamos vivendo, como mostra o livro “Civilização Empática”, de Jeremy Rifkin. O que estamos fazendo é despertar a consciência para ouvir mais e prestar mais atenção no outro. Ao escutar mais, prestar mais atenção, pensar além de nosso umbigo, percebemos que estamos chegando aos 9 bilhões de pessoas na Terra e que não é possível considerar o que apenas é bom para a nossa individualidade.